Por que razão ser vítima se tornou uma identidade tão popular nos dias de hoje? Quem reivindica ser vítima? Quem beneficia – e quem perde – nas lutas pelo lugar de vítima na nossa cultura pública?
Estas foram algumas das questões centrais debatidas no webinar com Lilie Chouliaraki, que decorreu no passado dia 24 de fevereiro, às 15h (hora de Portugal), via Zoom.
Na sessão, Lilie Chouliaraki explorou a teoria da vitimização como uma forma específica de política — uma “política da dor” — que intervém nas disputas sociais por poder e dominação. A partir de exemplos como as lutas pelos direitos reprodutivos nos EUA e o impacto da revogação de Roe vs Wade, analisou como a linguagem da dor é apropriada para decidir quem merece ser protegido como vítima e quem deve ser punido como perpetrador.
Num contexto marcado por políticas iliberais, a autora demonstrou de que forma a vitimização tem sido instrumentalizada pela extrema-direita para perpetuar exclusões antigas e introduzir novas injustiças. Ao mesmo tempo, propôs formas de interrogar criticamente — e reapropriar — a política da dor em nome dos mais vulneráveis.
O debate contou com comentários de Sofia José Santos e Angeliki Sifaki (CES), e foi moderado por Júlia Garraio (CES).